Para quem nasce em mil novecentos e noventa e quatro, dezenove anos após conquista da independência de Moçambique, em especial, torna-se uma responsabilidade imensa dar suas visão sobre a África atual.

Primeiro, porque ao discorrer, corro risco de explorar a História na sua superfície e, segundo, porque existem inúmeras questões relacionadas à própria luta a qual pouco vivenciei à flor da pele, como se fez sentir na carne dos meus avós e, por último, porque como africano e escritor que escreve sobre narrativas e realismo da África, a ideia de "liberdade", para mim, como autor deste Liberta-te Mãe África, pouco faz sentido ou nada faz. Costumo dizer que sou desses poetas ingênuos que, ao abrir a porta da casa para visita, tão pouco me importo em limpar a sujeira do quintal, muito menos em varrer o lixo por debaixo do tapete da sala. Sabem por quê? Porque gosto que o mundo saiba da nossa realidade na sua dimensão. A existência de diferentes ideologias - capitalismo e socialismo - faz com que haja luta pelo poder, seja ela, econômica, social e política. Neste sentido, sobram as migalhas para o povo inocente engolir. Sou da opinião de que a minha mãe África ainda encontra-se nas agruras de sofrimento, na podridão das celas em busca da carta de alforria para alcançar a sua verdadeira liberdade que, até então, não se faz sentir em lugar nenhum. Vivemos numa prisão cultural que nos priva da dignidade mínima que merecemos como africanos ditos "independentes". Poderia aqui mencionar alguns desses problemas como o caso da liberdade de expressão; as dificuldades para a construção da democracia local; as guerras civis e sua violência; a má governança; a ausência de uma educação que liberte culturalmente os africanos do pensamento de exploração para com os seus próprios irmãos e a falta da preservação dos hábitos e costumes, crenças e rituais que sempre nos edificaram. Para terminar, acredito que se devia repensar e valorizar a cultura que, em geral, tendemos a esquecer, dando mais espaço para o povo contribuir com a sua visão e proposta de edificação da nação.

 

Ernesto Moamba

  • Editora: Uirapuru
  • Autor: Ernesto Moamba
  • Números de páginas: 152
  • ISBN: 9786586646641
  • Número de edição: 3
  • Ano de edição: 2023
  • Idioma: Português

Liberta-te Mãe África

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Para quem nasce em mil novecentos e noventa e quatro, dezenove anos após conquista da independência de Moçambique, em especial, torna-se uma responsabilidade imensa dar suas visão sobre a África atual.

Primeiro, porque ao discorrer, corro risco de explorar a História na sua superfície e, segundo, porque existem inúmeras questões relacionadas à própria luta a qual pouco vivenciei à flor da pele, como se fez sentir na carne dos meus avós e, por último, porque como africano e escritor que escreve sobre narrativas e realismo da África, a ideia de "liberdade", para mim, como autor deste Liberta-te Mãe África, pouco faz sentido ou nada faz. Costumo dizer que sou desses poetas ingênuos que, ao abrir a porta da casa para visita, tão pouco me importo em limpar a sujeira do quintal, muito menos em varrer o lixo por debaixo do tapete da sala. Sabem por quê? Porque gosto que o mundo saiba da nossa realidade na sua dimensão. A existência de diferentes ideologias - capitalismo e socialismo - faz com que haja luta pelo poder, seja ela, econômica, social e política. Neste sentido, sobram as migalhas para o povo inocente engolir. Sou da opinião de que a minha mãe África ainda encontra-se nas agruras de sofrimento, na podridão das celas em busca da carta de alforria para alcançar a sua verdadeira liberdade que, até então, não se faz sentir em lugar nenhum. Vivemos numa prisão cultural que nos priva da dignidade mínima que merecemos como africanos ditos "independentes". Poderia aqui mencionar alguns desses problemas como o caso da liberdade de expressão; as dificuldades para a construção da democracia local; as guerras civis e sua violência; a má governança; a ausência de uma educação que liberte culturalmente os africanos do pensamento de exploração para com os seus próprios irmãos e a falta da preservação dos hábitos e costumes, crenças e rituais que sempre nos edificaram. Para terminar, acredito que se devia repensar e valorizar a cultura que, em geral, tendemos a esquecer, dando mais espaço para o povo contribuir com a sua visão e proposta de edificação da nação.

 

Ernesto Moamba

  • Editora: Uirapuru
  • Autor: Ernesto Moamba
  • Números de páginas: 152
  • ISBN: 9786586646641
  • Número de edição: 3
  • Ano de edição: 2023
  • Idioma: Português